Amor por Pelotas
O Departamento de Comunidade e Cultura e a Diretoria da Sociedade Psicanalítica de Pelotas, dando continuidade à temática proposta, debruça-se sobre o amor à cidade de Pelotas. Dos múltiplos significados que podemos atribuir ao vocábulo “amor”, seleciono afeição, paixão, compaixão, misericórdia, solidariedade, nas mais variadas dimensões.
Ela é plana e úmida, sem pretensão de ser perfeita, porém interessante por oferecer as quatro estações do ano, bem definidas. Inspiração para contos, lendas e poesias. Podemos contemplar, pelas ruas, os paralelepípedos e a arte que habita nos casarões desta cidade que fez 212 anos no dia 7 de julho de 2024.
As caminhadas pelo centro histórico proporcionam encontros com os teatros Sete de Abril e Guarany, com a Biblioteca Pública, com o Conservatório de Música, com o Mercado Central, com o Chafariz incluindo as lindas Nereidas, e, perto dali, escuta-se o sino da Catedral.
A arquitetura eclética de inspiração europeia instiga a curiosidade pela riqueza dos detalhes que se revelam e se escondem, dos azulejos pintados aos telhados com rococós, cheios de significados de um tempo distante.
Pelotas carrega seus encantos também pela influência que teve de outros países, como a música, a poesia, a literatura, os saraus e as receitas dos doces. O açúcar, permutado pelos charques, foi chegando e se misturando aos ovos. Com canela em caldas, peneirados em fios, recheando pães de ló com glacê, sedutores pelas cores e sabores.
A cidade do doce acessa as memórias pelo paladar. Aos amantes do café acompanhado dos cristalizados, a cidade se torna inesquecível.
Aos românticos, esportistas ou apenas praianos, um paraíso banhado pelas águas da Lagoa dos Patos, a Praia do Laranjal, com seus balneários Santo Antônio, Valverde e Prazeres, além do Pontal da Barra e a Colônia de Pescadores.
Nesta cidade, onde João Simões Lopes Neto descansa no banco da Praça Coronel Pedro Osório e testemunha a mudança do comportamento gaúcho, vive-se intensamente a Psicanálise. O nome da rua onde são as sedes dos encontros psicanalíticos tem uma representação interessante, Princesa Isabel, nome ligado à liberdade, também por estes pagos. Rua arborizada, linda, das raras não planas. No edifício Everest, estão a Sociedade Científica Sigmund Freud e a Sociedade Psicanalítica de Pelotas, afiliada à IPA.
Pelotas é a Princesa do Sul, o útero, a gestora e o berço de muitos conhecimentos, abraça, como uma “mãe suficientemente boa”, os adolescentes que conseguem as vagas nas universidades locais. Útero que se dilata, se expande, amadurece para alimentar outros filhos, não de nascença, que a escolhem como morada.
Lembrando a origem de seu nome, advindo de pelota, uma bola de couro, destinada a ser continente para um conteúdo. Como disse Vitor Ramil, em uma entrevista ao jornal Zero Hora em 1981, “Minhas melhores músicas foram feitas em Pelotas, porque lá é a semente de tudo. Sento no corredor de casa com o violão e a música vai saindo.”
E, se por ventura, alguém gostar do meu texto e fizer um elogio, digo:
“- Obrigada!” e ela responderá:
“- Merece!”
Porque em Pelotas é assim.
Feliz aniversário!
Marciara Oliveira Centeno
Analista em formação do Instituto de Psicanálise Sergio Abuchaim da Sociedade Psicanalítica de Pelotas (SPPEL/FEBRAPSI/IPA)
6 Comentários
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Antônio Boabaid
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Beatriz Hax Sander
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